Laís Bottene
A maternidade e a coragem de vivera própria vida
Neste dia das mães gostaria de desejar a todas as mamães ousadia e coragem, isso mesmo, ousadia e coragem para serem vocês mesmas, para realizarem seus projetos e desejos sem hesitarem, afinal de contas as coisas mudam quando nos tornamos mães, o que não nos é contado é que mudam para melhor, já que uma mulher que é capaz de parir, amamentar e ainda cuidar da casa e trabalhar, é realmente capaz de muito mais.
O que muitas de nós fazemos é acreditar que somos limitadas e que existe uma receita para sermos boas mães: “precisa-se alimentar antes o filho, depois você come”, “não se pode deixá-lo sob cuidados de outras pessoas”, “quando eles crescerem poderá fazer o que deseja”, e por aí vai, e nesta dinâmica de sermos quem nutre, esquecemos daquilo que nos nutri e nos faz feliz.
Desde que me tornei mãe, há quase 10 anos, tive muitos medos e fui me amoldando ao fato de precisar nutrir aquelas coisinhas preciosas e tão frágeis que tanto precisavam de mim, e muitas vezes perdi de vista o amor delas e a capacidade de serem quem elas quiserem. Mas como assim serem quem quiserem se nem eu mesma sabia mais do que eu gostava ou queria para mim?
Me tornei mãe e não deixei de trabalhar ou de me desenvolver pessoalmente, mas me deixei de lado nas coisas simples, não me permiti descansar ou até mesmo sonhar com o que poderia realizar mesmo depois de ser mãe. Em certos momentos, não me reconheci mais, as roupas não faziam mais sentido, o trabalho que tanto me realizava já não era mais o suficiente, me sentia realizada em todas as esferas da vida, mas não tinha alegria, eu havia me perdido de MIM.
Além disso, as críticas contra mim mesma, sobre como realizava a maternidade, eram infinitas e parecia que eu nunca era suficientemente boa, afinal de contas eu sempre tive muita sorte e uma rede de apoio gigantesca, com quem podia contar, pai das crianças super presente (um paizão), avós muito amorosos e disponíveis, babás que eram extensão da família, tias, tios e dindos com quem podia contar a toda hora, e, mesmo assim, me sentia cansada e muitas vezes colocava a culpa na tal maternidade.
De fato, precisei de coragem e ousadia para me encontrar novamente, pra silenciar e retomar o sentido das coisas e principalmente da vida, sai de uma cidade de 11 mil habitantes para a maior cidade do Brasil, eu e as minhas duas
filhas, deixei pra traz toda a rede de apoio a qual contava, a casa grande cheia de brinquedos, as pessoas queridas e a “segurança” de ter tudo perto e nas mãos. Parti em busca de um desafio e de novas relações, sem nem ao menos saber direito como seria, apenas ouvi o silêncio da minha necessidade interna, a necessidade do meu SER. Estranhamente, em minha caverna por alguns dias, sinto-me realizada, as crianças dormem a noite toda, amam a escola e os novos colegas, vibram com cada lugar e pessoa nova que conhecemos e este é o primeiro dia das mães em que passarei longe de qualquer rede de apoio, da minha própria mãe, e de qualquer velho conhecido próximo, e sinto como se agora eu me tornasse mãe. Não, nem esperem que eu diga que está tudo certo, às vezes, me sinto apreensiva e conto com uma escola muito boa, mas me encontrar dentro de mim mesma, por mais redundante que possa parecer, me faz a melhor Mãe que as minhas filhas podem ter.
Me sinto inteira, e inteira posso cuidar delas, me sinto em contato com o mais profundo bem-estar e, assim, posso nutri-las, sinto-me forte e ousada e, dessa maneira, o medo pode se amoldar nesta caminhada movida pela coragem, essa caminhada chamada VIDA.