Daniela Cardoso
Como amoldar-se à realidade?
É sabido que brigar com a realidade é uma luta na qual já nascemos derrotados!
Mas quando percebemos uma realidade bem diversa da que gostaríamos, como nos amoldar? Foi essa a pergunta que me surpreendeu em um grupo on-line de constelação. Quem manda eu ter essa mania de sugerir participação, envolvimento, pedir sugestão de tema. Bem feito pra mim. Enquanto busco algo pra dizer, eu percebo que o movimento que me desconecta da realidade é justamente imaginar uma outra. É justamente seguir comparando o real do agora com um passado que, se eu consultar direitinho, nem era tão legal assim.
A verdade é que pra quem não se coloca no agora nenhuma realidade serve. Eu tenho pra mim que isso seja uma desculpa que usamos para fazer menos, entregar menos, ficar na posição de vítima. Dói, eu sei, porque eu mesma estou aqui escrevendo pra mim. Então vem a amorosa bofetada
Se eu estou dançando a música da realidade, eu não preciso de uma grande oportunidade, eu preciso usar aquela pequena oportunidade que tenho de imediato.
Luís Henrique de Oliveira
Quais oportunidades eu estou achando pequena demais e deixando passar, esperando a milagrosa inexistente chegar?
Resolvi olhar para meu dia e verificar o que eu posso fazer de bom? Bem, iniciei olhando para o dia chuvoso, frio e para o fato de eu estar em casa. Vejam vocês, quantas manhãs eu olhei cedinho para um tempo assim e tive de sair para molhar meus pés em uma rotina cansativa e fria? Quantas manhãs eu desejei poder ficar? Pois agora que posso, escolho me desagradar disso? Bem, olhei um pouco mais e resolvi preparar um chá, comer um bolo e acender o fogo. Só de escrever isso, já me brota um sorriso. Sugiro que você faça: olhe em volta e veja algo bom que pode fazer e não se preocupe com o resto.
Depois, me perguntei quanto do que tenho estou disposta a entregar para a vida? Quanto do que sei fazer melhor estou ofertando ao mundo? Essa pergunta me fez sentar aqui para escrever, só porque amo e, talvez, alguém possa aproveitar minha própria terapia para si. E só escrevendo é que me lembrei que, há muitos anos, uma terapeuta me perguntou – o que você gostaria de fazer, se ninguém te cobrasse nada, se pudesse escolher? E eu respondi – escrever! Agora, eu posso, mas achei por bem ficar buscando um motivo grandão para fazer o que mais me deixa leve. Com isso, guardo para mim meu tesouro. Uma respiração profunda me deu a chance de me despir da minha importância diante da vida, dos desafios da humanidade, dos enroscos da minha família e voltar para meu lugar. Meu pequeno lugar no mundo. Quais oportunidades estão sendo pequenas demais para minha importância? Eu pude me lembrar que meu desafio atual é me sustentar financeiramente com leveza.
E quanto eu estou guardando tesouros, esperando que a garantia bata na minha porta, sem nenhuma coragem minha? Lembrei que eu tenho ao menos dois produtos prontos para ofertar e não fiz isso, porque diante de um novo passo, estou aguardando a segurança, onde é preciso ousadia e coragem. Consulte aí no seu coração, se faz sentido pra você também.
Será que não somos um pouco mimadas e mimados? Será que não estamos aguardando a grande oportunidade? Quanto de mim é capaz de se alegrar com os pequenos começos? Se eu me dou conta de que a realidade não muda aquilo que eu tenho para entregar para a vida, ela muda o jeito de entregar, eu posso me sentir bem mais forte. O que a realidade espera de mim, já está em mim. O que eu preciso fazer é abrir mão da minha importância pessoal e entregar do jeito que posso agora. E se eu realmente faço isso, me surge uma lista de coisas que eu posso fazer e estou deixando de lado para me ocupar do que eu não tenho recurso para fazer. Eu não tenho recurso para resolver a vida da minha tia, da minha mãe; eu não sou ninguém recursada pra dar opinião na vida do meu irmão e essa lista poderia não ter fim.
Mas, eu posso chamar uma pessoa que eu conheço, linda por dentro e por fora, toda recursada na vida pra bater um papo em uma live pra mim e pra você; eu posso escrever esse e outros textos, sobre os temas que me pedem; eu posso postar aquele produto e ver se tem demanda, porque se não tiver, eu não vou morrer. Eu posso tanto, em pequenas oportunidades. Você também pode. Basta fazer o movimento de olhar para a realidade e despir-se de sua importância. Faz o que pode agora e deixa a realidade te dar a música. Eu vou fazer, porque tentar seria já fracassar.