Constelação Familiar
Trata-se de uma abordagem de cunho filosófico, com bases sistêmicas, onde observamos as desconexões nas relações familiares como a causa de toda a escassez que se experimenta na vida. Todo o fluxo de saúde, prosperidade e relacionamentos tem ligação direta com o fluxo de amor - onde o amor não flui, a vida também não pode fluir. Numa Constelação buscamos onde há “emaranhados” que impedem o amor e a vida de fluir. Removendo o julgamento e acusações, restauramos o fluxo de vida.
AS TRÊS LEIS
Bert Hellinger observou Três Leis que atuam nos relacionamentos interpessoais, ao qual denominou as Ordens do Amor. Essas leis fazem parte do código de sobrevivência da espécie humana, e é o maior alicerce das Constelações Familiares. Em primeiro lugar atua nas relações familiares a Lei do Pertencimento. Basicamente trata-se do direito de existir, fazer parte e ser respeitado que cada membro da família tem. Nossa moral por vezes nos faz excluir pessoas, como se o fato de reprovarmos algum comportamento nos desse o direito de desconsiderar alguém como familiar. O efeito observável dessa exclusão é que outro membro do sistema assumirá o comportamento do excluído, afim de forçar o sistema a reconhecer a existência e o direito de quem foi rejeitado. O exemplo mais clássico aqui é a mulher que tem mágoas do pai alcoolista, que procura um homem abstêmio, que pouco tempo depois torna-se alcoolista também, ou então um filho assume esse comportamento.
Depois atua a Lei da Ordem. Sempre que houver uma ordem temporal dentro da família, quem chegou antes merecerá um respeito especial, como o desbravador que foi, abrindo espaço para que a geração seguinte pudesse existir. A precedência num sistema traz prioridades. Quando não respeitamos a Ordem natural dentro da família experimentamos a escassez de recursos, seja financeiro ou saúde. Esse estão é um convite para que possamos voltar ao nosso tamanho, e respeitarmos os que nos antecederam. Estamos em desconexão com a ordem, por exemplo, quando como filhos queremos educar nossos pais, ensiná-los o que eles devem fazer, ou quando temos pena deles e nos movemos de forma a querer salvá-los.
Por último, existe uma Lei que atua nas relações entre adultos - Lei do Equilíbrio. Trata-se da necessidade de que as trocas nas relações igualitárias (amigos e parceiros afetivos) sejam equânimes. Quando o equilíbrio das trocas é prejudicado observamos que o lado que recebeu mais do que ofereceu sente raiva, como um mecanismo de proteção, e reage afastando-se do doador. Lembre agora das últimas relações afetivas malsucedidas que você teve. Pode ser de parceiros anteriores ou amigos. Verifique então como a balança ficou em desequilíbrio. Normalmente quem estava no débito afastou-se com raiva, e com alto senso de justiça e mágoas.
Bert Hellinger
O Criador das Constelações Familiares
Nascido na Alemanha em 16 de Dezembro de 1925, Anton "Suitbert" Hellinger, conhecido simplesmente como Bert Hellinger, é um psicoterapeuta alemão, inventor das Constelações Familiares. Aos 10 anos, foi seminarista em uma ordem Católica. Apesar disso, aos 17 anos se alistou no exército e combateu com os nazistas, sendo preso na Bélgica. Aos 20 anos, com o fim da guerra, se tornou padre. Se formou no curso de Teologia e Filosofia na Universidade de Würzburgo. Foi enviado como missionário católico para a África do Sul, onde atuou como diretor de várias escolas, como o Francis College, em Marianhill. Em 1954, obteve o título de Bacharel em Artes pela Universidade da África do Sul , um ano depois, graduou-se em Educação Universitária.
No final dos anos 1960, abandonou o clero e voltou à Alemanha, onde passou a estudar Gestalt. Mudou-se para Vienna para estudar Psicanálise. Ali, conheceu sua primeira esposa, Herta, uma psicoterapeuta.
Em 1973 se mudou para a Califórnia para estudar Terapia Primal com Arthur Janov. Lá, se interessou pela Analise Transacional de Éric Berne.
Hellinger se divorciou de Herta e casou-se com Marie Sophie, com quem mantém cursos, oficinas e seminários em vários países.
Bert Hellinger escreveu 84 livros, traduzidos em 30 idiomas.
Numa família sentimo-nos naturalmente atraídos pelo sofrimento, por um senso de solidariedade. Desejamos ardentemente pertencer ao sistema, de forma a inconscientemente sentirmos culpa em termos mais que nossos familiares tem ou tiveram. Dessa forma, numa família onde muitos fracassam ou não conseguem ganhar dinheiro, as gerações subsequentes tendem a desejar repetir o comportamento, para dessa forma sentirem-se parte da família, através da repetição do sofrimento. O mesmo acontece quando muitos morrem cedo, ou adoecem gravemente. Nosso código secreto de sobrevivência nos diz que ter uma vida melhor nos traria o risco da solidão. Então adoecemos ou perdemos tudo, para permanecemos próximos e leais. As repetições de destinos que ocorrem em uma família tem a lealdade como pano de fundo.
LEALDADE
O primeiro desejo que nosso sentimento de Lealdade nos trás é o que poderíamos traduzir na frase “Eu por você”. Quando percebemos um destino pesado de algum familiar que amamos desejamos carregar esse destino em substituição. Por exemplo, quando o filho vê a mãe adoecendo com um câncer, no íntimo e em segredo, ele pode desejar carregar a doença no lugar dela. É o amor sacrificial de Romeu e Julieta, onde ambos terminam mortos.
O segundo desejo pode ser traduzido por “Eu sigo você”. Quando a mãe ou o pai morrem cedo, por exemplo, podemos sentir no íntimo o desejo de nos unirmos à eles na morte. Também seguimos alguém que amamos em uma doença, ou no fracasso.
Por último podemos desejar compensar uma culpa fazendo algo de prejudicial para nós. Esse é o movimento da Expiação. A forma mais frequente de expiação acontece quando uma mulher faz um aborto provocado, e numa tentativa ineficaz de remover a própria culpa, entra em um mecanismo de auto sabotagem, onde doenças de cunho psicossomático ou o constante fracasso em relações surge.
O antídoto para a Lealdade é sairmos do Amor Cego em direção ao Amor que Vê.
OS MOVIMENTOS DA ALMA
Por trás da Lealdade atua um profundo Amor. Porém o Amor da Lealdade é um amor infantil - é o amor que acredita que carregar o sofrimento trará alívio para o outro. Como se pudéssemos dividir um destino ou tristeza dentro de uma família de forma a minimiza-lo.
Te convido agora a lembrar de quando você era criança e um familiar, talvez a Mãe, ficou triste. O que você sentiu? Orou à Deus pedindo que Ele retirasse a tristeza da mãe e coloca-se em você? Ou talvez tenha se dedicado ao familiar até ele melhorar, mesmo sendo uma criança.
O amor infantil crê ser todo poderoso, sente-se capaz de salvar a família, de fazer a mãe feliz de novo. Por isso é um Amor Cego.
Já o Amor que Vê é o amor que caminha dentro das possibilidades. Chama-se Amor que Vê por me convidar a olhar o amor do outro por mim, ao invés de perder-me no amor que eu sinto. É um amor que me convida a descobrir que o outro deseja que eu seja feliz, e que o sofrimento não pode ser em vão. É o amor que me leva a fazer valer todo o esforço das gerações anteriores tendo mais do que eles tiveram.